sábado, 22 de novembro de 2008

CARLOS SEIXAS (1704-1742)

VIDA
Compositor e organista português, nasceu em Coimbra a 11 de Junho. Estudou com o pai, Francisco Vaz, e cedo o substituiu como organista da Sé de Coimbra, cargo que exerceu durante dois anos. Aos 16 anos partiu para Lisboa, altura em que a corte portuguesa era das mais faustosas da Europa. Muito solicitado como professor de música de famílias nobres da corte, é nomeado organista da Sé Patriarcal e da Capela Real (sendo Domenico Scarlatti o Mestre da Capela Real, é certo que colaboraram proveitosamente). Carlos Seixas gozava da fama de ser músico e professor excelente, e na capital impôs-se como organista, cravista e compositor. Com o seu trabalho sustentou a mulher e os cincos filhos e adquiriu algumas casas nas vizinhanças da Sé. Carlos Seixas morreu a 25 de Agosto de 1742, sendo já Mestre da Capela Real.

OBRA
Carlos Seixas foi um dos maiores compositores portugueses para tecla. Fez escola em Portugal, criando um estilo seu (apesar da influência italiana e francesa patente em algumas das suas obras), por sua vez imitado até algum tempo após a sua morte.
No século XVIII era exigido aos compositores que a sua música fosse fiel aos pensamentos e ideais estéticos do meio. A composição era, de certa forma, limitada a um rol de características previamente definidas. A obra de Seixas é, em grande parte, resultado dos ambientes em que compôs. Como organista da Capela da Sé Patriarcal, tinha a possibilidade de tocar, antes e depois da missa, um trecho a solo que poderia ser uma tocata ou uma sonata (ritual comum em todas as Catedrais de prática Católica). Para este efeito, havia uma preferência pelas peças de carácter vistoso e brilhante. Noutras partes da cerimónia, o organista podia ainda tocar em alturas que admitissem um solo instrumental. Desta forma, os compositores aproveitavam para dar a conhecer as suas composições ou improvisações. Por certo que as sonatas de Seixas foram tocadas na Igreja, pelo menos as de carácter religioso. Carlos Seixas acompanhava ao cravo os saraus de música nos paços reais ou no solar de algumas casas nobres. Nestes eventos tinha também a oportunidade de tocar como solista, aproveitando, provavelmente, para tocar as suas sonatas compostas com o objectivo de ser reconhecido como concertista e compositor.
Para além da Capela Real e da Corte, apenas se dedicava ao ensino de música. Esta faceta obrigava-o a ter material didáctico diversificado, variando de aluno para aluno, consoante o grau e as capacidades de cada um, dos cravos ou clavicórdios que possuíam. Apesar de fortemente sujeita a um vasto rol de condicionantes, a obra de Seixas não deixa de parte a qualidade e a originalidade do seu estilo pessoal.
Nunca se deixou levar pelos estilos importados em Portugal, nem deixou que a sua obra se confundisse com a dos seus contemporâneos estrangeiros. A presença do temperamento lusitano é uma constante das suas composições. A evolução da estrutura bipartida da sonata para tecla, para a estrutura tripartida está presente nas sonatas de Carlos Seixas, sendo uma antecipação da forma da sonata clássica.
Até agora não são conhecidos versos de Seixas. O mais provável é terem-se perdido uma vez que é pouco credível que Seixas tenha usado sempre versos alheios nas suas composições.
Da totalidade da sua obra, grande parte perdeu-se provavelmente no terramoto de Lisboa de 1755:
Coral:
Tantum ergo;
Ardebat vincentius;
Conceptio gloriosa;
Gloriosa virginis Mariae;
Hodie mobis caelorum;
Sicut cedrus;
Verbum caro;
Dythyrambus in honorem et laudem Div. Antonii Olissiponensis.
Instrumental:
Abertura em Ré;
Concerto em Lá;
Sinfonia em Sib;
cerca de 100 sonatas próprias e cerca de 16 atribuídas.

As criações de Carlos Seixas possuem elegância, leveza, suavidade, inspiração melódica. O seu fraseado é de carácter irregular e assimétrico e a sua linguagem harmónica é simples.

sábado, 5 de maio de 2007

Pletnev, o Monopolista

É mais do que desconfortável ter que estar sentado num mau concerto.
Apetece deitarmo-nos na relva, fumar, conservar a rir, ou até dar aquele peido ruidoso!
"Nunca, mas nunca mais vou repetir a experiência com este pianista!" (sic, in loco...)
Isto acontece muito com Pletnev... Pensei eu, e já também ouvi dizer.

Vezes demais!

Sei que corremos o risco (todos os que partilham desta opinião) de que um funcionário dos serviços secretos das Grandes Estepes insira uma agulha no braço, sem se apresentar nem mostrar distintivo, com um químico atordoante... Mas a verdade verdadinha é que apenas raras vezes me apetecerá ir a um recital do Mr. P., pois, dependendo das tendências artístico-sexuais de cada um, a mim não me dá apetite "ouver" (obrigado, José Duarte! Bem-haja!) masturbação em palco. E pagar por isso!

MARGULIS, Vitaly, Bagatelas op. 7, Edições Quasi, trad. Sofia Lourenço

Dividido por temas, estas reflexões/máximas tornam essa vastidão pianística menos árida.
LEIAM!!!

sábado, 17 de fevereiro de 2007

The Technique of Piano Playing

GÁT, Joszef, The Technique of Piano Playing, ?????????????

"Obra excelente e completa, com diversos capítulos relativos à história do instrumento, repertório, problemas técnicos e sua resolução, bem como demonstração de passagens através da análise de frames detalhadas de interpretações de p. ex. Sviatoslav Richter. Inclui no final uma secção dedicada a exercícios de aquecimento e desenvolvimento técnico fora do piano"

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

CHACHADA

A indústria da música clássica encontrou finalmente um frenesim à altura da época actual!

O que vende é o prodígio, os meninos e meninas acabadinhos de sair dos concursos internacionais de peso, sem maturidade artística, sem vida própria, sem nada para dizer... Verdadeiras ovelhinhas!

Os cursos de aperfeiçoamento são outra balela, onde o que importa mais são as primeiras impressões, umas dicas aqui e ali, umas anedotas de vez em quando... Não é a maneira melhor de passar as grandes tradições da escola A, B ou C...

Por isso, hoje tudo soa igual, ou de tão diferente e alternativo (quase com o simbolozinho de copyright desta ou daquela interpretação...) é tudo igual na mesma...

Os próprios alunos dos conservatórios sabem quem fazia esta ou aquela nota assim ou assado, sem se perguntarem porquê... Dá trabalho, gasta muitos nutrientes ao cérebro, mas é assim que se lá chega, conhecimento total e profundo.

Não é a decorar interpretações e imitá-las, misturá-las, escolher dentre cópias, suas ovelhas ranhosas!

SVIATOSLAV RICHTER

De uma força interpretativa implacável, transmitiu-nos com toda a doçura de um avôzinho no seu recital memorável no CCB o o fogo sagrado de alguma Verdade Absoluta tão difícil de encontrar onde e em quem quer que seja. Cada vez mais difícil.

ARTURO BENNEDETTI-MICHELANGELI

Talvez o maior pianista de todos os tempos (Alfred Cortot: ..."a reencarnação de Liszt"...):

Dominou virtualmente todo o repertório do instrumento, embora apresentasse apenas uma ínfima parte em público da sua Arte.

Orientou (?) cursos patrocinados por si, escolhendo e convidando alunos como Maurizio Pollini, Martha Argerich, Bernd Goetzcke, etc, etc...

A sua imagem e som podem dar uma impressão de arrogância, típica na nobreza.

Mas, se Michelangeli não será o monarca inalcançável para todas as ovelhinhas que somos na paisagem musical, quem será?...

BEM-VINDOS!

De e para quem trabalha o som a preto-e-branco

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